Negros no Brasil: Afinal, o que é ser negro no Brasil?

Redação
23 de outubro de 2015
  • Direitos Humanos
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Fazer o dobro do que eles fazem para ter metade do que eles tem…

Escrever sobre qualquer aspecto de como é ser negro no Brasil é falar sobre isso: sobre como temos que fazer mais e mesmo assim nos contentar com menos. Os poucos negros médicos, os poucos empresários, os poucos universitários e os outros incontáveis poucos representantes negros nas mais diversas áreas da sociedade que têm se desdobrado para fazer muito mais do que os outros fazem.

Em um primeiro momento parece uma afirmação radical. Para alguns setores (pessoas da sociedade) é apenas uma falácia ou um mito coisas como racismo, racismo velado e preconceitos em um país multicultural como o Brasil.

Mas vejam bem, o estado brasileiro foi escravista durante mais de 300 anos, (muito mais) quando finalmente demos um passo em direção ao que deveria ser a construção de uma nação que valorizava a sua diversidade, demos um passo para trás (ou encontramos uma forma de maquiar o que já existia). Como demos esse passo para trás?

Simples: nosso estado foi reestruturado por conceitos republicanos excludentes, impôs e estimulou (estimulou que muitos pesquisem sobre Sociedade Eugênica de São Paulo), ao longo da história, conceitos de nacionalidade que determinaram um discurso que não refletia a realidade multicultural do país.

A cultura brasileira, repleta de valores femininos, negros, caboclos, indígenas, definida por um embate de “Eros e Tanathos”, foi pensada durante anos, pelo discurso da democracia racial, mas na prática a manifestação real deste pensamento foi a partir de uma leitura política do homem branco.

Esta mediação da cultura pelo homem branco marginalizou a expressão afrodescendente. Muito frequentemente escuto que o homem perfeito é aquele loiro, alto e de olhos azuis, escuto também que meu cabelo é do tipo cabelo ruim, um homem negro de terno em um shopping só pode fazer parte da equipe de segurança.

Quando aqui na cidade em que moro (Curitiba) vou em algum lugar legal, algum lugar requintado vejo (pelo canto do olho) os olhares as vezes de espanto, pois eu sou o tipo de negro que anda de cabeça erguida, mesmo assim, tenho que ser mais educado que os outros ali presentes porque minha intenção é quebrar diversos paradigmas.

Por isso faço muito mais que os outros, no trabalho, faculdade, vida social e outros aspectos da vida, mas o que recebo é muito menos, geralmente um “não fez mais do que obrigação” ou apenas de novo o espanto por ser negro, pobre e mesmo assim estar onde eu não deveria.

 

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