Setor privado brasileiro desconhece formas de apoio a refugiados

Nota Social
18 de fevereiro de 2025
  • Direitos Humanos
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A promessa de fazer a maior deportação em massa da história dos Estados Unidos, levou o novo governo norte-americano a adotar uma sequência de medidas a respeito de imigrantes nas duas últimas semanas. Entre elas, o fim do direito à cidadania para filhos de imigrantes indocumentados, já suspensa pela Justiça dos EUA; e a suspensão por 90 dias do programa de refúgio do país. 

Trata-se de um quadro que desaponta o artigo 4º da Agenda 2030, que determina que “ninguém será deixado para trás, migrantes e refugiados devem ser considerados como populações beneficiárias em todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. 

Uma das instâncias atentas a esse cenário é a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). As projeções da agência indicam que chegaremos a 140 milhões de pessoas deslocadas à força em 2025, o que seria correspondente ao 10º país mais populoso do mundo.

Davide Torzilli, representante da ACNUR no Brasil, afirma que embora as operações sigam vigentes no país graças a fontes de financiamento diversas, o congelamento na alocação de fundos para programas de assistência estrangeira pela nova administração dos EUA pode ter impactos importantes. 

Entre as lacunas citadas, estão os serviços de proteção, incluindo assistência jurídica, e até mesmo a oferta de itens essenciais, como abrigo, alimentos, água e kits de higiene.

Uma das ações que têm sido pensadas pela entidade para contornar o cenário, envolve fomentar novos mecanismos de engajamento com o setor privado para acesso a empregos formais, aulas de português, apoio a revalidação de diplomas, capacitação profissional, mentorias e incubadores de negócios.

Isso porque a autonomia das pessoas refugiadas contribui para o desenvolvimento onde elas estão inseridas, fazendo com que dependam menos das ajudas humanitárias. Em paralelo, a organização incentiva projetos que promovam o bem-estar físico e mental, especialmente para grupos de maior atenção, como mães solo, pessoas com deficiência e de culturas distintas.

Na contramão das necessidades impostas pelo cenário, o Relatório Luz revela que, pelo quinto ano consecutivo, a meta 10.7 do ODS 10 – que prevê que a facilitação da migração de maneira segura e responsável – seguiu em retrocesso em 2023. 

Davide Torzilli lembra que o Brasil é reconhecido internacionalmente pela acolhida e garantia de direitos das populações forçadas a se deslocar. O país acolhe hoje mais de 800 mil pessoas refugiadas. No entanto, há uma falta de compreensão sobre a realidade dessas pessoas e o impacto positivo que o setor privado pode promover.

“Ainda há um desconhecimento sobre como contribuir: o ACNUR oferece diferentes modelos de parceria, alinhados às agendas de responsabilidade social corporativa e aos ODS e estamos abertos para conversar com empresas interessadas em fazer a diferença”, afirma. Alguns dos programas apoiados pela agência hoje são o Fórum Empresas com Refugiados e a plataforma Refugiados Empreendedores

Estereótipos, preconceitos e xenofobia também estão entre os obstáculos para atrair mais investimentos para a integração de pessoas refugiadas no Brasil e no mundo, conforme aponta o representante. 

“O setor privado pode e deve ser parte da solução por meio de financiamento direto de projetos e respostas a emergências. Investir na inclusão de refugiados gera impacto social e econômico, fortalecendo comunidades e promovendo soluções sustentáveis”, finaliza. 

Fonte: GIFE

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