
Primeira edição do Black STEM selecionou cinco estudantes
*Pollyana de Freitas Andrade Miguel
Um dos grandes desafios da humanidade talvez seja entregar para gerações futuras algo melhor. É o desafio do rompimento de ciclos, que exige coragem para os primeiros que abrem caminhos. Esse movimento de disrupção parece ser a força motriz da evolução da humanidade. Literalmente, o termo significa ruptura, interrupção. É o rompimento com a forma de alimentação, após a descoberta do fogo. Ou a mudança brusca na forma de nos comunicarmos, após a criação da internet.
A lógica seria a de melhoria contínua. Porém, disrupção também é a fórmula de Einsten que revolucionou a física, mas que possibilitou a criação da bomba atômica e os danos irreversíveis do seu uso durante a Segunda Guerra Mundial. Ou a revolução industrial, que junto com diversos benefícios, enquadrou nosso estilo de vida em um modelo que nos coloca frente a inúmeras doenças físicas e mentais.
Ao que parece, não há uma linha reta na disrupção que leva sempre a um patamar melhor de sociedade. Não fosse isso, não estaríamos sofrendo as consequências de um modo de vida insustentável. O processo parece ser, em essência, circular, com altos e baixos. Hora melhoramos, hora pioramos. E reconhecer esse ciclo é importante para rompê-lo.
Há anos estudo e trabalho com sustentabilidade. Durante o início da minha tese de doutorado, investigando os fatores da disrupção e da inovação social transformadora na construção de sociedades sustentáveis, lembro de me deparar com a dificuldade de encontrar elementos que indicavam que melhoramos no eixo “formas de organizar e relacionar” descrito nessa teoria. Desde a literatura até os dados de pesquisa, eu observava que formas ditas primitivas de organização da sociedade pareciam ser um estado melhor do que o que alcançamos em grandes centros urbanos. As relações sem profundidade, os trabalhos exaustivos e sem propósito e o conjunto da obra que vem junto, parece levar a humanidade mais para o ponto baixo do ciclo de desenvolvimento do que para o ponto alto.
Isso porque os elementos que caracterizam uma inovação social capaz de romper paradigmas e transformar contextos vão além de novas tecnologias e ações práticas. Uma sociedade sustentável passa também por relações saudáveis, saúde integral do ser humano, liberdades individuais e respeito ao coletivo. E essa modernidade líquida, descrita pelo reconhecido sociólogo Zygmunt Bauman, insiste em nos afastar do nosso melhor estado de espírito. Tal conceito traz, essencialmente, as características frágeis, fugazes e maleáveis das relações sociais, econômicas e de produção atuais.
Talvez, a faceta da disrupção que precisamos ver está em nós mesmos, em como queremos criar nossos filhos, escolhemos e nos dedicamos ao trabalho, cuidamos de nós e do planeta. O mais provável é que uma sociedade de fato sustentável passe, antes de tudo, por uma disrupção interna de cada indivíduo e que perpasse por um olhar mais cuidadoso sobre o passado. Possivelmente, nem tudo com o que rompemos era ruim.
*Pollyana de Freitas Andrade Miguel é escritora e consultora em gestão estratégica, impacto social e mobilização de recursos, atuando principalmente com investimento social privado. Trabalhou em diferentes organizações, incluindo ONU, Governo Federal e Sistema S. É doutoranda em Desenvolvimento, Cooperação Internacional e Sociedade pela Universidade de Brasília (UNB) e autora de livros e métodos neste campo de atuação.
Instagram: @pollydeandradeinside
Site: www.iandenegocios.com
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