UNICEF encerra atuação emergencial no RS após 8 meses

Nota Social
31 de dezembro de 2024
  • Direitos Humanos
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Após oito meses de atuação intensa em resposta à emergência causada pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul (RS) entre abril e maio deste ano, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) encerra esta etapa de sua atuação no estado nesta terça-feira (31), deixando um legado significativo para as comunidades afetadas. Junto com governo, parceiros, organizações sociais, como a ADRA e a Visão Mundial, o UNICEF implementou ações de suporte imediato, desenvolveu ações de médio prazo e proporcionou estruturas e aprendizados que vão continuar com a comunidade, fortalecendo a resiliência da população e do poder público para enfrentar futuros desastres.

O UNICEF esteve presente no RS desde o início das enchentes e, neste final de ano, conclui as ações de campo, garantindo a transição das operações a parceiros e ficando à disposição para as necessidades de assistência técnica no âmbito do processo de reconstrução. Seguimos comprometidos em atender crianças e adolescentes em Emergências.

Desde o início da resposta, o UNICEF atuou em estreita coordenação com o Sistema ONU no Brasil, sob a liderança do Escritório da Coordenadora Residente e no âmbito do Quadro de Cooperação das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (UNSDCF). A colaboração próxima com todas as agências do sistema ONU, como IOM, ACNUR, ACNUDH e OPAS, foi fundamental para garantir os direitos de todas as crianças e adolescentes em situação de desastres, promovendo uma resposta integrada e eficaz às necessidades das comunidades mais vulneráveis.

Ao longo desses oito meses, a atuação do UNICEF foi sendo desenvolvida e adaptada, com foco nas necessidades de crianças, adolescentes e famílias:

  • Ações de suporte imediato: Logo no início da crise, a pedido do Governo Federal, o UNICEF entrou na resposta. Naquele momento, havia mais de 800 abrigos e era preciso mapear as crianças, adolescentes, mulheres grávidas, e aquelas em situação de risco. O UNICEF contribuiu para organizar um censo e avaliar as necessidades mais urgentes. Ao mesmo tempo, o UNICEF passou a fornecer capacitação dos atores locais sobre limpeza e desinfecção, fundamental para proteger a saúde de crianças durante emergências, e distribuir kits de higiene, água e limpeza, kits para higiene dos bebês e kits de saúde menstrual para meninas aos abrigos e comunidades, alcançando milhares de famílias. Foram 4.500 kits entregues no total.
  • Ações de médio prazo: Sabendo que crianças precisam ser prioridade ao longo de toda a Emergência, o UNICEF criou os Espaços da Gurizada. Neles, cerca de 2.600 crianças passaram a participar de atividades lúdicas, educativas e de apoio psicossocial em ambientes criados para protegê-las e promover a recuperação emocional. Além disso, conforme as pessoas retornavam às suas casas, era preciso fazer com que informações seguras chegassem – isso foi feito por meio de multiplicadores de informação.
  • Estruturas e aprendizados que vão ficar: Passados oito meses, ficam dois grandes legados, que agora pertencem às comunidades e às instituições locais. O primeiro são estruturas físicas, incluindo alguns Espaços da Gurizada, que agora passam à gestão de ONGs ou do poder público. O segundo, e principal, é o conhecimento. Durante toda a resposta, o UNICEF trabalhou amplamente com a formação de agentes públicos e organizações da sociedade civil, gerando saberes voltados para a integração das vulnerabilidades e necessidades específicas das crianças e adolescentes durante desastres que vão ficar para o Rio Grande do Sul e para futuras emergências, em outros lugares.

Para Gregory Bulit, Chefe de Resposta a Emergências do UNICEF no Brasil, a experiência no Rio Grande do Sul trouxe aprendizados valiosos: “Iniciamos trabalhando junto ao governo com o desenvolvimento do censo desagregado nos alojamentos provisórios, identificando o número de crianças, adolescentes, mulheres, homens, mulheres grávidas, pessoas com deficiência, populações indígenas e tradicionais. Essa é uma prática rara em emergências no Brasil, que permite uma resposta mais eficiente e adaptada às necessidades dos grupos presentes nesses espaços. Estamos agora discutindo com o poder público para que essa iniciativa seja incorporada como política pública em respostas emergenciais.”

André Trivino Gomez, do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (ECHO, na sigla em inglês), acrescenta: “O trabalho do UNICEF e de seus parceiros foi além da resposta emergencial, alcançando famílias em locais que muitas vezes não são alcançados pelos esforços oficiais. Isso mostra o poder da solidariedade e da colaboração.”

“Como UNICEF, atuamos em emergências com uma abordagem integrada, oferecendo respostas imediatas às necessidades urgentes de crianças e suas famílias, enquanto trabalhamos em paralelo para fortalecer a resiliência das comunidades e das instituições públicas e privadas. Nosso objetivo é garantir que, diante de futuros desafios, o impacto seja menor e a resposta, mais ágil e eficaz”, explicou Layla Saad, Representante Adjunta e Chefe de Programas do UNICEF Brasil.

A resposta do UNICEF às chuvas no Rio Grande do Sul contou com os parceiros estratégicos ECHO e MSD; com a parceria de Takeda; com o apoio de Amanco Wavin; Beiersdorf, casa de NIVEA e Eucerin; Instituto Mosaic; Klabin; Serena Energia, além de outras empresas. E contou com a parceria de implementação da ADRA e da Visão Mundial.

Conheça, a seguir, os principais resultados alcançados:

Proteção contra violências e Educação

Nos primeiros meses da Emergência, junto as Secretarias Estaduais e Municipais de Desenvolvimento Social e Saúde, foram criados 33 Espaços da Gurizada em abrigos em Canoas, Porto Alegre e São Leopoldo. Os locais foram equipados com kits de materiais pedagógicos e lúdicos, e passaram a contar com o trabalho de profissionais especializados, incluindo assistentes sociais, psicólogos e psicopedagogos. Esses espaços seguros começaram dentro dos abrigos e depois foram sendo implementados em outros locais, nos bairros de retorno das famílias, seguindo a dinâmica da Emergência. Eles atenderam mais de 2,600 crianças e adolescentes e se tornaram referência na proteção infantil, proporcionando um lugar acolhedor para recuperação emocional.

“Adaptamos nossas iniciativas às necessidades de cada município. A criação de espaços amigáveis para crianças foi essencial para oferecer segurança e acolhimento nesse período de crise”, explica Natália Zani, da Visão Mundial, destacando a flexibilidade das ações conjuntas.

O trabalho colaborativo foi um pilar essencial dessa resposta. Os espaços se tornaram lugares de referência para famílias e crianças afetadas em um momento, principalmente, em que muitas escolas estavam desativadas. “A parceria com o UNICEF nos trouxe novas estratégias para proteger a infância em situações de emergência, como a amamentação e a segurança alimentar. Isso foi crucial para atender às populações mais vulneráveis”, afirmou Cíntia dos Santos Costa, da Secretaria de Saúde de Porto Alegre.

Com a conclusão da resposta do UNICEF às chuvas, a partir de janeiro de 2025, oito Espaços da Gurizada serão mantidos, passando à gestão do poder público ou da sociedade civil, sem vínculo com UNICEF.

Proteção Social e Multiplicadores de Informação

Em oito meses, 60 multiplicadores foram capacitados, alcançando mais de 39 mil pessoas, levando informações fundamentais sobre saúde, assistência social e reconstrução de moradias. Essas ações facilitaram o acesso a serviços essenciais, como atualização no Cadastro Único e suporte psicológico.

Além do suporte emergencial, a atuação do UNICEF deixou um marco na vida das comunidades. “Os multiplicadores desempenharam um papel essencial, conectando moradores aos serviços corretos e oferecendo acolhimento em momentos de extrema vulnerabilidade. Esse modelo precisa ser incorporado aos planos de contingência”, destacou Gerusa Cristina de Souza, da Secretaria de Assistência Social de São Leopoldo.

Priscila Dias Leite, coordenadora da Força de Proteção do Sistema Único de Assistência Social no âmbito do Rio Grande do Sul (FORSUAS-RS) pelo Ministério do Desenvolvimento Social, salientou a importância da ajuda do UNICEF com apoio material e de recursos econômicos emergenciais para custear necessidades emergenciais, fazendo com que o trabalho realizado por voluntários fosse efetivado nos municípios inundados nos dias de maior necessidade. “A FORSUAS só conseguiu mobilizar técnicos e implementar ações com o apoio técnico e logístico do UNICEF. Essa parceria não apenas viabilizou a resposta, mas também trouxe aprendizados que contribuirão para emergências futuras”.

O legado do UNICEF vai além da emergência imediata, com iniciativas que podem ser replicadas em futuras crises. “A experiência nos ensinou a importância de articular as respostas com rapidez e eficiência. A comunicação entre parceiros e comunidades é essencial para alinhar as necessidades e garantir impactos duradouros,” reforçou Camila Souza, da ADRA.

Saúde e Água, Saneamento e Higiene

Com base na abordagem WASH (Água, Saneamento e Higiene), o UNICEF capacitou 400 agentes comunitários de saúde e endemia para apoiar famílias no consumo seguro de água potável e na limpeza e desinfecção de reservatórios. Cerca de 29 mil pessoas tiveram acesso a água segura durante o período de emergência graças a contribuições do UNICEF.

A resposta do UNICEF foi construída em colaboração com diferentes atores locais e internacionais, cuja articulação resultou em benefícios tangíveis e sustentáveis. “A cooperação foi a palavra-chave dessa emergência. Sem ela, os danos seriam muito maiores. A parceria com o UNICEF nos trouxe expertise para garantir condições mínimas de saúde e higiene nas comunidades mais atingidas”, afirmou Alex Elias Lamas, chefe da equipe do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), da Secretaria de Saúde de Porto Alegre.

Para Maria Letícia Rodrigues, diretora do Departamento de Gestão de Hospitais Estaduais, o trabalho conjunto reforçou a capacidade do estado de proteger populações vulneráveis: “O UNICEF foi fundamental, especialmente na questão do cuidado com a água e na proteção à infância. Essa presença no campo fez toda a diferença.”

Preparação para o Futuro

Como parte da transição das suas atividades de campo, o UNICEF doou materiais para a reestruturação de CRAS em Canoas e São Leopoldo, garantindo a continuidade dos atendimentos às famílias. Além disso, voluntários foram capacitados para replicar metodologias dos Espaços da Gurizada em futuras emergências.

“Depois de mais de oito meses de atividade no Rio Grande do Sul, é importante destacar que tudo isso não poderia ter sido feito sem essa colaboração, essa parceria, com o poder público. Ou seja, é muito importante reconhecer a liderança do governo nos três níveis – federal, estadual e municipal -, além dessa vontade de aceitar e receber apoio externo que nos permitiu complementar de forma positiva as ações do governo. Isso permitiu realmente alcançar as populações mais vulneráveis nos bairros afetados de Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo, como Sarandi, Humaitá e também nas Ilhas, onde uma população muito vulnerável mora”, destacou Gregory.

“Essa parceria foi primordial para que pudéssemos garantir a proteção das nossas crianças. A colaboração entre diferentes níveis de governo, sociedade civil e organizações internacionais nos permite superar desafios e construir uma sociedade mais justa e humana”, destacou Beto Fantinel, secretário de Desenvolvimento Social do estado.

A emergência no Rio Grande do Sul revelou a força da solidariedade e da colaboração nacional e internacional. O trabalho realizado não apenas aliviou os impactos imediatos das enchentes, mas também deixou um legado que inspira e prepara o estado para desafios futuros. Com essas ações, o UNICEF reafirma seu compromisso de apoiar comunidades vulneráveis e fortalecer capacidades locais para responder a desafios futuros.

Fonte: UNICEF

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