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Com o objetivo de transformar o Natal de milhares de famílias brasileiras, a Ação da Cidadania promove a campanha Natal Sem Fome, uma das iniciativas solidárias mais importantes do Brasil. Em um cenário onde 64 milhões de brasileiros enfrentam insegurança alimentar e quase 9 milhões convivem com a fome, as doações arrecadadas pela organização começam a ser distribuídas em todo o país a partir do dia 20 de dezembro.
Criada em 1993, a campanha mobiliza voluntários, empresas e doadores individuais em prol da erradicação da fome no Brasil. Em 2024, a meta é arrecadar 2 mil toneladas de alimentos, suficientes para alimentar 800 mil pessoas, para serem distribuídas em comunidades vulneráveis de norte a sul do país. Entretanto, segundo Norton Tavares, gerente de Redes e Campanhas da Ação da Cidadania, a instituição só conseguiu arrecadar metade do objetivo. “O desafio está sendo aumentar a arrecadação e fazer com que mais pessoas conheçam a campanha”, disse.
Além de garantir alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade, a campanha também reforça o papel dos voluntários, espalhados pelos mais de 3 mil comitês da ONG, presentes em todos os estados do Brasil.
Em entrevista para o Nota Social, Norton falou sobre o papel das parcerias empresariais, a participação do voluntariado no Natal Sem Fome, entre outros detalhes.
Nota Social: Quais grupos prioritários serão atendidos pela campanha?
Norton Tavares: Este ano queremos chegar também em locais que estão sendo afetados por eventos climáticos extremos, como secas e enchentes, e os que sofrem com queimadas, mas isso vai depender da arrecadação.
NS: A campanha conta com voluntários e comitês espalhados pelo Brasil. Como esses voluntários são capacitados e engajados?
NT: As doações arrecadadas pelo Natal Sem Fome são distribuídas por meio da nossa Rede de Comitês da Ação da Cidadania, presente em todos os estados do Brasil. Esta rede é composta por comitês locais que atuam de forma voluntária e coordenada para garantir que a ajuda chegue de maneira rápida e eficiente às famílias necessitadas. Cada comitê local possui um profundo conhecimento das regiões em que atuam, permitindo identificar rapidamente as áreas mais afetadas e as necessidades específicas de cada comunidade. Após a arrecadação, as cestas são encaminhadas para esses comitês, em carretas, que se encarregam de organizar a entrega e a distribuição direta aos beneficiários.
NS: Qual o papel das parcerias empresariais e da sociedade civil no sucesso da campanha?
NT: São cruciais para o sucesso da campanha. As empresas, além das doações de recursos financeiros para a compra das cestas básicas, contribuem divulgando o Natal Sem Fome em suas redes, mobilizando voluntários, incentivando a participação de colabores e clientes, por exemplo. Já a sociedade civil se mobiliza para receber as cestas e entregar para as famílias em situação de insegurança alimentar, além de trabalharem fazendo pressão política para criação de políticas públicas eficazes de combate à fome.
NS: Como a organização trabalha para garantir a transparência no uso das doações arrecadadas, especialmente em um momento de aumento na demanda por transparência em ONGs?
NT: Através da página Documentos e Prestação de Contas, no site da Ação da Cidadania, é possível acessar o balanço patrimonial, relatório de atividades, resultado das auditorias externas, código de ética e conduta, além de outros documentos. São poucas as instituições que contam com esse nível de transparência.
NS: O que os dados recentes mostram sobre o impacto da campanha na vida das famílias beneficiadas?
NT: A campanha tem três objetivos principais: denunciar os números alarmantes de pessoas em situação de insegurança alimentar; cobrar políticas públicas para atender famílias vulneráveis; e colocar toda a sociedade como responsável pela busca de soluções. O impacto da campanha se dá quando conseguimos, através de outras ações, a implementação de políticas públicas, como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos e o Plano Nacional de Alimentação Escolar, por exemplo, responsáveis por tirar milhões de pessoas da pobreza.
NS: Quais ações a Ação da Cidadania planeja para engajar mais pessoas e ampliar o alcance da campanha nos próximos anos?
NT: Nosso objetivo é um dia acabar com a campanha, pois acreditamos que a fome no Brasil será apenas uma lembrança triste do passado. Para isso, vamos continuar mobilizando as pessoas para a criação e ampliação de políticas públicas que diminuam a brutal desigualdade social que vivemos. Isso passa pela luta por reforma agrária, apoio aos pequenos agricultores, redução do uso de agrotóxicos, incentivo fiscal para alimentos saudáveis e taxação de ultraprocessados, distribuição de renda, geração de emprego e renda, entre outras ações.
NS: Existe alguma expectativa de que o Brasil volte a sair do Mapa da Fome da ONU nos próximos anos? Como a campanha Natal sem Fome contribui para esse objetivo?
NT: O Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU em 2014 por conta de políticas públicas criadas com a participação de entidades como a Ação da Cidadania. Foi através do nosso fundador, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que foi criado o Conselho Nacional de Segurança Alimentar, órgão presente em nível federal, estadual e municipal, composto por membros dos poderes executivos e da sociedade civil para pensar ações governamentais de combate à fome, que teve atuação fundamental nesse processo. O Natal Sem Fome deu visibilidade ao problema, sensibilizou a sociedade, promoveu a união de esforços e inspirou políticas de longo prazo para combater a insegurança alimentar.
Infelizmente, voltamos ao Mapa da Fome poucos anos depois, sendo um dos marcos deste retrocesso a PEC do Teto dos Gastos, que congelou por 20 anos os investimentos em políticas sociais. Por isso sabemos que, embora exista a expectativa de sairmos novamente, precisamos continuar vigilantes e cobrando cada vez mais direitos sociais.
Para realizar doações e saber mais sobre o Natal Sem Fome, acesse o site oficial clicando aqui.
(Rafaela Eid, do Nota Social)
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