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Fundada em 1996, a ONG Mães da Sé tem como missão auxiliar famílias na busca por seus entes desaparecidos. A organização atua em parceria com o Ministério Público, conselhos tutelares e delegacias, além de promover campanhas de conscientização. Ao longo de sua história, já cadastrou 12 mil pessoas desaparecidas e conseguiu localizar quase 6 mil.
A iniciativa surgiu após o desaparecimento de Fabiana Esperidião, filha da fundadora Ivanise Esperidião. Desde então, a ONG oferece suporte às famílias desde as primeiras horas do desaparecimento, orientando sobre o registro do boletim de ocorrência e prestando apoio emocional.
Uma das ferramentas da ONG é o aplicativo Family Faces, desenvolvido pela Mult-Connect, em parceria com a Microsoft. O aplicativo utiliza tecnologia de reconhecimento facial, permitindo que usuários enviem fotos que são comparadas com uma base de dados de pessoas desaparecidas, facilitando o processo de localização.
Além disso, a Mães da Sé preparou uma nova campanha, denominada Desaparecidos, em colaboração com a Piracanjuba. Caixas de leite já estão sendo distribuídas com fotos de desaparecidos, incluindo progressões de idade geradas por inteligência artificial, aumentando as chances de identificação e reencontro.
Para o Nota Social, Ivanise falou mais sobre o surgimento e atuação da organização.
Nota Social: Como nasceu o movimento Mães da Sé?
Ivanise Esperidião: Esse trabalho nasceu a partir do desaparecimento da minha filha, Fabiana Esperidião da Silva, que sumiu em 23 de janeiro de 1995. Naquela época, ninguém falava sobre desaparecimentos de pessoas. Durante três meses, procurei minha filha sozinha em hospitais, no IML e nas ruas, até conhecer o Centro Brasileiro em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, no Rio de Janeiro.
NS: Qual foi o ponto de virada para que sua história começasse a ganhar visibilidade?
IE: Gravei um depoimento para a novela Explode Coração, da autora Glória Perez, que dava visibilidade às mães de desaparecidos. Quando apareceu meu relato, eu achava que encontraria minha filha logo. Mas, infelizmente, não houve denúncias sobre o paradeiro dela. No dia seguinte, duas jornalistas me procuraram para contar minha história, e a partir dessa exposição, outras famílias começaram a entrar em contato comigo.
NS: Como surgiu o movimento Mães da Sé?
IE: Após a aparição em jornais, resolvi convidar as pessoas que me procuraram para um encontro. No dia 31 de março de 1996, mais de 100 pessoas se reuniram nas escadarias da Catedral da Sé, em São Paulo. Ali nasceu o movimento Mães da Sé, transformando minha dor em uma luta por todas as famílias de desaparecidos.
NS: Quais são as principais causas dos desaparecimentos?
IE: São diversas, desde fugas do lar até disputas de guarda. Muitos desaparecidos são pessoas com deficiência mental, que acabam sendo encontradas em hospitais, abrigos, ou nas ruas. Mas também há os casos enigmáticos, em que a pessoa desaparece sem motivo aparente. Como o caso da minha filha, que sumiu a 120 metros de casa.
NS: A ONG oferece atendimento psicológico aos familiares dos desaparecidos?
IE: Temos apoio de psicólogos voluntários para atender as famílias, já que o desaparecimento causa um grande impacto emocional. Infelizmente, já perdi 26 mães que faleceram devido ao sofrimento.
NS: O que você diz para as famílias que vivem a angústia de um desaparecimento?
IE: Eu sempre digo que, mesmo quando encontramos um filho sem vida, é um alívio saber que a busca chegou ao fim. Essa dor da incerteza, o “luto inacabado”, é muito pior que a dor da morte. Eu continuo nessa luta pela minha filha e por todas as mães que enfrentam essa mesma dor.
Para saber mais sobre a Mães da Sé e realizar doações, acesse o site da organização: https://www.maesdase.org.br/.
(Rafaela Eid, do Nota Social)
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